terça-feira, 19 de outubro de 2010

Atividades desenvolvidas no curso TICs Acessíveis

   
O curso Tecnologias da Informação e Comunicação Acessíveis tem nos proporcionado conhecimento teórico e prático de alto nível, seja através dos materiais e tutoriais disponibilizados no ambiente, seja pelas atividades práticas que nos propõe realizar. Dentre as tantas que já realizamos, destaco as duas que mais me provocaram sensações:
Atividade 1: Experiência com o DOSVOX
Nesta atividade, deveríamos imaginar que tínhamos uma limitação visual e somente conseguiríamos usar o computador com algum dispositivo que fizesse uma leitura de tela. O desafio seria realizar uma atividade de escrita sem utilizar o monitor e sem olhar para o teclado. Foi-nos orientado que posicionássemos as mãos nas letras F e J, que possuem uma marcação, e, a partir delas, que buscássemos as outras letras e teclas.
Assim fizemos: instalamos o Sistema DOSVOX e iniciamos a atividade. Transcrevo, aqui, alguns trechos de meu relato:
“Fiz a tarefa, conforme orientações. Treinei bastante no Word, com os olhos fechados, e o que guiava a posição de minhas mãos eram as teclas “F” e “J” com suas marcações. Abria os olhos, via os erros (muitos), apagava e tentava novamente.
Instalei o DOSVOX e me aventurei a escrever a frase sugerida. Ficou um pouco mais fácil porque, ao digitar, o programa reproduz sonoramente o que está sendo realizado. Então, quando errava, não precisava abrir os olhos, era só apagar e ir tentando até acertar. Por demorar com as mãos naquela posição, ao final da tarefa senti muitas dores nos pulsos.
(...)
Quero dizer, agora, da marcação nas letras ‘F’ e ‘J’, que foi, pra mim, novidade absoluta. Nunca as tinha percebido. Precisei ‘fechar os olhos’ para vê-las, senti-las. E como as senti! Foram elas, o tempo todo elas que me guiaram em minha ‘escrita-cega’. A partir dessas teclas eu achava as outras. Com isso, voltei minha imaginação para a importância do tato, da sensibilidade para as pessoas com deficiência visual. E assim lembrei-me da frase de Helen Keller: Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos para germinação do saber”.
       
Atividade 2: Utilizando o Teclado Virtual

O que foi proposto: “Nesta atividade selecione um ou mais aluno(s) que tenha(m) algum tipo de limitação. Retome as atividades propostas neste módulo e consulte outras tecnologias assistivas disponíveis no ‘Material de Apoio’. Seu desafio será o de pensar que tipo de atividade você poderia desenvolver com apoio de uma tecnologia assistiva para o aluno ou o grupo de alunos.”
Dessa atividade, publico o relatório completo, pois fiquei encantada com os resultados e, principalmente, com a  alegria do aluno ao usar o computador de uma forma acessível a sua especificidade:

Relatório de atividade com aluno usando Tecnologia Assistiva
Professora: Rosi Meire Ap. Fulanette Corrêa

Perfil do Aluno:
-G. B. C. – 12 anos - 7º ano “A” – Turno Matutino  – Lyceu de Goyaz
-Diagnóstico neuropediátrico: “... paralisia cerebral na forma hemiplégica à direita + TDA”. “Faz uso de medicação controlada Ritalina 10mg (Metilfenidato) pela manhã e almoço”.
-Como a paralisia compromete os movimentos do lado direito do corpo, desenvolveu habilidades com o lado esquerdo: é canhoto.
-É curioso, alegre, comunicativo e persistente, tem todo o acompanhamento da família, faz fisioterapia, equoterapia e natação; quer aprender a lidar com o computador.
-Embora alfabetizado e possuidor de uma excelente oratória, tem bastante dificuldade na escrita: escreve lentamente e faltando letras, apresenta dificuldades ortográficas, de concordância, pontuação e outras.

Descrição da atividade planejada pelo professor
-Atividade de escrita no computador utilizando um editor de textos. A intenção é que o uso contínuo venha a ativar a coordenação motora do aluno e, principalmente, possibilitar-lhe uma reflexão em relação à escrita da língua portuguesa (já que o sistema chama a atenção quando há problemas na escrita), entre tantos outros benefícios que o computador poderá lhe proporcionar.

Tecnologia Assistiva escolhida
-Teclado Virtual do Windows

Reflexão sobre a experiência:
-Não sendo o aluno destro, adaptei o mouse para canhotos. Ele acompanhou o processo e sentiu-se a pessoa mais feliz do mundo.
-Pedi que digitasse normalmente com o teclado e ele começou, apresentando dificuldades no manuseio, somente com a mão esquerda, dos dois hardwares: mouse e teclado.
-Apresentei para ele o Teclado Virtual, dei-lhe algumas instruções, ele fez o reconhecimento e começou a digitar o cabeçalho: seu nome, nome da escola, data...
-Após alguns minutos, ele disse: “Ih! Desse jeito aqui é muito melhor”. Perguntei-lhe por que e ele respondeu: “É porque eu não preciso tirar a mão do mouse, então vai mais rápido”.

Análise da produção do aluno:
-No primeiro dia, quando o aluno conseguiu fazer o cabeçalho, apesar da alegria, demonstrava certo cansaço. Deixei que ele trabalhasse no Paint para relaxar, pois ele gosta de desenhar e também é um exercício motor.
-No segundo dia, ele digitou duas linhas de um texto que lhe orientei copiar. Quando estava na metade, falou: “Tia, eu acabei de descobrir uma coisa: se a gente não clicar bem no ‘meinho’ da letra ela não vai, mesmo que já esteja selecionada”. Parabenizei-o dizendo ter sido essa uma descoberta muito importante. 

Conclusões:
-Se um dos objetivos da Tecnologia Assistiva é atender e potencializar habilidades dos usuários especiais, sinto que atingi o meu objetivo com essa atividade. G. está feliz em poder utilizar o computador com o mouse adaptado, não tendo que dele tirar a mão para usar o teclado, e está, também, fazendo importantes descobertas, como a que citei acima e mais: quando apareceu a primeira palavra sublinhada de vermelho, ele logo quis saber de que se tratava. Com isso, creio que ele terá mais condições de refletir sobre sua escrita.

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